Paz
as estrelas dormem
e a vida escorre suave
quando sua alma pousa na minha
e a vida escorre suave
quando sua alma pousa na minha
Chuva
A chuva fria
desnudou a lua.
O chão vestiu-se de prata.
desnudou a lua.
O chão vestiu-se de prata.
Alegria
Brincando no céu,
a pipa colorida
ri do vento.
a pipa colorida
ri do vento.
Saudade
Na noite escura,
a chuva fina e fria
pinga saudade.
a chuva fina e fria
pinga saudade.
Despedida
Folhas secas
vestem as calçadas de dourado.
A vida se despede.
vestem as calçadas de dourado.
A vida se despede.
Sem título
Praia de inverno.
Pipas coloridas dançam
no ar gélido.
Pipas coloridas dançam
no ar gélido.
Sem título
Tarde de inverno -
A azaléia floresce
em meio aos carros.
A azaléia floresce
em meio aos carros.
Sem título
perfuma toda a cozinha.
Tarde de inverno.
Sem título
Um bem-te-vi canta
no jardim quase vazio.
Rosas de inverno.
Eu
Vaguei por trilhas desconhecidas,
num riacho doce espelhei minha alma e
me reconheci nas rugas da água.
Um minuto azul
Por um minuto,
um breve e lindo minuto,
pensei ter encontrado a paz.
Aquela paz de dentro
que deixa azul o pensamento.
Um recorte
Rompe-se
inexplicável
e sutilmente,
o tênue
fio
da existência.
A morte!
Da vida...
apenas um recorte.
Um amor
Um amor assim...
Que nasce como
água na fonte,
incondicional,
sem pedir,
natural...
Apenas acontece.
Sem título
A vida desperta
no chão frio de pedra-
Eis o ipê roxo.
Dor
no mundo
debaixo da pele
a dor é visceral
Condenação
Na solidão esmagadora
suicidei minha alma,
condenada a vagar, vagar, vagar...
Tristes meninos
na beirada do tempo
os olhos da manhã choram
os meninos famintos de vida
Maturidade
Mergulhar em mim,
buscar-me...
Nos amigos antigos,
em fotos esmaecidas,
nos poemas esquecidos,
nas velhas canções,
em leituras antigas e
escritos amarelados.
Aceitar o que é meu,
devolver o que é do Outro,
entender o que falta.
Resgatar-me na infância,
na ambivalência da adolescência.
Enxergar-me no hoje e,
deliciosamente,
renascer na maturidade.
Renascer...
Nós
nos
nós do tempo
nos perdemos
Avesso
Virar a alma do avesso,
encontrar desejos esquecidos
guardados em cantinhos empoeirados.
Bisbilhotar os segredos
de caixinhas antigas, fechadas pelo medo.
Vasculhar gavetas bagunçadas,
jogar fora o que não serve mais,
mágoas, dores e lamentos.
Organizar, delicadamente:
sentimentos confusos,
esperanças ainda vivas,
saudades que cresceram com o tempo.
Colar, com cuidado,
os pedacinhos partidos do coração.
Lavar bem todos os cantinhos
e sorrir, ao sentir o prazer,
de ter a alma lavada.
A flor
Saudade é flor bonita
que brota da dor...
dor de amor.